2.5.11

Escola de Samambaia também vira set de filmagem


Equipe do filme "Periférico 304".
Em meados dos anos cinquenta, alguns cineastas brasileiros realizaram um movimento chamado “Cinema Novo”, cujo principal propósito foi reformular o cinema brasileiro. Até então, a produtora Vera Cruz era a responsável pela realização dos filmes nacionais. Em geral, eles eram caríssimos para os padrões da economia brasileira, e não passavam de chanchadas politicamente alienantes. Um dos idealizadores do “Cinema Novo”, Glauber Rocha, resumiu de maneira única o ideal do movimento. Para fazer cinema, segundo ele, bastaria “uma câmera na mão e uma idéia na cabeça”.
 
Foi mais ou menos assim que nasceu o filme “Periférico 304”, refletindo bem o melhor momento da tradição cinematográfica brasileira. Em abril de 2006, um professor de artes cênicas do Centro de Ensino Médio (CEM) 304, Paulo Z, teve “uma idéia na cabeça”. Como ele revela em uma entrevista ao programa “Viver em Brasília”, veiculado no canal TV Brasília, foi se tornando cada vez mais clara, nas suas aulas sobre cinema, a possibilidade de fazer um filme com os estudantes da escola.

Assim surgiu o projeto “Meu primeiro filme”. Uma das primeiras providências de Paulo Z foi procurar o roteirista Geraldo Lessa. “Trata-se de uma história de amor voltada para o público jovem, com aspectos bem conhecidos no cinema: ação, suspense e terror. É um filme simples”, diz Geraldo ao programa “Viver em Brasília”. De fato, o filme conta a história de Marília, estudante do CEM 304, que se envolve com Fausto, cujo passado a insere em uma trama repleta de ação, suspense e terror.

Como já informa o título, o filme busca relatar os dramas vividos na periferia. “Na escola da vida, quem reprova não se recupera mais? Quem vai decidir isso é o público, porque o filme te dá opções”, diz Paulo Z em entrevista ao jornal DFTV, da Rede Globo. “Os personagens têm opções de vida contadas na escola, na sua família. As pessoas vão ver o filme e vão fazer essa reflexão depois”.

Embora um dos princípios do cinema seja “uma idéia na cabeça”, como diz Glauber Rocha, o processo de produção nem sempre é tão simples. Foram necessários cinco anos, dois dos quais foram dedicados apenas à edição de 22 horas de gravação, que resultou em um longa-metragem de uma hora e meia. À maneira dos cineastas do cinema novo, que defendiam a produção de um “cinema barato”, “Periférico 304” foi totalmente produzido com apenas 25 mil reais, um orçamento considerado baixo para os padrões da indústria cinematográfica.

Cena do filme
Foram selecionadas 30 pessoas para o elenco dentre as trezentas que se inscreveram. Quem não pôde protagonizar o filme ou atuou como figurante ou trabalhou na produção. “Foi preciso treinar o pessoal que não tinha noção de cinema”, conta o diretor de elenco, Josuel Junior. “Durante seis meses, foram feitas oficinas de teatro com essas trinta pessoas, para que elas pudessem começar a entender a linguagem do cinema”. Depois das filmagens, um dos atores de “Periférico 304” relembra: “A gente ficava questão de horas para esperar uma luz, esperar um bom tempo”.

Como Paulo Z ressalta no “Viver em Brasília”, “o objetivo do filme é pedagógico”. Assim, ele demonstra que a escola não é lugar apenas para aprender matemática, português, história, química e todas aquelas disciplinas tradicionais que vêm primeiro à mente quando se pronuncia a palavra ‘escola’. Ela também pode ser palco para fazer arte, realmente, em vez de simplesmente aprender algo sobre ela.

O filme será lançado no IESB da Asa Norte, no dia 12 de maio, às 19h. Nos dias 19 e 20, ele será exibido no próprio CEM 304, também às 19h. A entrada é franca.

Ficha técnica:
Roteiro: Geraldo Lessa
Direção: Paulo Z
Diretor de Elenco e Produção: Josuel Junior
Produtora Associada: Cia. Fábrica de Teatro/DF
Duração: 1 hora e 30 minutos
Classificação: 12 anos

Fontes consultadas:
O programa “Viver em Brasília” (TV Brasília) e o trailer do filme “Periférico 304” estão disponíveis em: www.youtube.com

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